A TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA NA APS - FORMANDO REDES E PARTILHANDO SABERES

Autores

  • Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
  • Dulcinéia Aparecida Salustiano UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
  • Diogo Simões Fonseca UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
  • Rita Aparecida Ferreira Pereira UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Resumo

Introdução: A OMS procura despertar consciência para a importância dos transtornos mentais e seus custos em termos humanos, sociais e econômicos, além de empenha-se em ajudar a derrubar barreiras, especialmente a estigmatização e a insuficiência dos serviços. O manejo dos transtornos mentais na APS é um passo fundamental que possibilita ao maior número possível de pessoas terem acesso. Para que isso aconteça, é preciso que os profissionais da saúde recebam treinamento nas aptidões essenciais. No Brasil em 2006, o Ministério da Saúde implementou a PNPIC no SUS que promove a abertura de possibilidades de acesso a serviços antes restritos à prática de cunho privado. A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma dessas práticas terapêuticas, que constroem redes sociais solidárias para promoção da vida e mobilização dos recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades. É desenvolvida em formato de roda, visando trabalhar a horizontalidade e a circularidade, sendo uma ferramenta terapêutica eficiente de inclusão e resgate por proporcionar uma visão e prática político-social transformadora. No município de Juiz de Fora/MG, a TCI é desenvolvida, também, na UBS Milho Branco desde 2016. De forma complementar, a Fisioterapia participa desta atividade como prática do estágio obrigatório na APS, compondo a equipe de saúde, trabalhando as competências individuais, valorizando o saber produzido pelas experiências e vivências, realizando intervenções quando necessário. Descrição: A atenção baseada na comunidade tem melhor efeito sobre o resultado e a qualidade da vida das pessoas com transtornos mentais crônicos do que o tratamento institucional. De forma empática, o grupo se solidariza e se identifica com a fala do outro, compartilha suas estratégias de superação (problematização), através de verbalização e alteridade curativas. A TCI acolhe usuários com transtornos psíquicos advindo de uma inquietação, não necessariamente de um transtorno mental crônico, com diagnóstico médico, acolhendo aqueles com problemas originados de diversos contextos da vida cotidiana do território, como por exemplo, a preocupação com os jovens ociosos da comunidade. Ademais, a roda é um espaço de superação, de modo que as pessoas possam compartilhar suas conquistas e com isso, prevenir futuros comprometimentos psíquicos. Impactos: Através de relatos durante três anos de intervenção dos indivíduos que participaram da TCI, os resultados são positivos em vários aspectos, como o surgimento do olhar diferenciado e vínculo do profissional para com o usuário, relatos de participantes que informaram ter diminuído o uso de medicamentos e adesão dos mesmos na TCI com retornos frequentes. Considerações: Os atuais desafios da atenção à saúde no Brasil demandam uma profunda reorganização das práticas profissionais, devendo se responsabilizar pelo cuidado dos usuários em seu território de abrangência, assim como no acompanhamento nos outros pontos de atenção, e acolhimento no retorno, com objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção integral em nível local. Os serviços de base comunitária podem levar a intervenções precoces e limitar o estigma associado com o tratamento, ao planejamento das ações e a programação dos serviços de saúde, que devem se pautar nas necessidades de saúde da população, contextualizando a realidade da saúde mental no município.