PROCESSO DIAGNÓSTICO E LAUDO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DA PERSPECTIVA DA CIF NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Murilo Santos de Carvalho UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Mauro Antônio Félix UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

Resumo

Introdução: A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma ferramenta utilizada e explorada no curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. A CIF proporciona cuidado integral aos pacientes na Atenção Primária à Saúde, ampliando o olhar do fisioterapeuta na identificação das necessidade e condições de saúde, favorecendo a interprofissionalidade. Traz-se como objetivo, relatar o uso da CIF no Processo Diagnóstico e elaboração de Laudo Fisioterapêutico numa UBS de São Leopoldo. Descrição: Estudo observacional exploratório do tipo de caso, em formato relato de experiência. O contato inicial ao usuário ocorreu pela ESF que solicitou a avaliação fisioterapêutica, e as intervenções subsequentes foram na UBS adstrita ao usuário. Foram realizadas sete intervenções pelo estagiário de Fisioterapia, uma vez por semana de 1 hora cada sob supervisão de professor fisioterapeuta, no ano de 2018. A avaliação e reavaliação culminou com um diagnóstico cinético-funcional respectivamente e serviu de base para a construção do Laudo Fisioterapêutico utilizando-se do raciocínio e codificações da CIF. Impactos: Elaborou-se um Laudo Fisioterapêutico: usuário de 57 anos com histórico de fratura tibial direita por acidente de trânsito há 8 anos com osteossíntese, a qual permaneceu por 7 meses com membro inferior (joelho) imobilizado em extensão. Cicatriz cirúrgica, bem como aderências e limitação da extensibilidade da pele (b830.2; s8104.294) contribuindo para limitar o movimento nas articulações fêmoro-tibial e fêmoro-patelar direita (b7101.3; s75011.371). Resultam diretamente em menor amplitude de movimento de flexão de joelho (b7100.3) ativa (65°) e passiva (70°), tensões e encurtamentos musculares (b7800.2) e diminuição de força (grau 4) e resistência (b7300.2; b7401.2) em quadríceps (s75002.291), dorsi e plantiflexores deste mesmo membro (s75022.291). Estas disfunções repercutem ao deambular (d4465.23) com uso de bengala (e1150+2) e compensações por padrão de marcha alterado (b770.3). Esta condição gera dor (b28016.3) na realização de suas AVD's como realizar caminhadas por longos períodos (d4501.23), realizar movimentos bruscos de sentar e levantar muito rápido (d410.23), cuidar de sua horta (d6505.22) e pedalar por longas distâncias (d4750.22). Como barreiras, identifica-se os altos índices de criminalidade pelo domínio do tráfico (e330.4), bem como difícil acessibilidade, com ruas e calçadas irregulares no território em que vive (e1500.4). Ao mesmo tempo, o usuário ainda apresenta receios para deambular e baixa autoconfiança na realização de AVD's (e498.4). Por outro lado, se mostra disposto a reverter sua condição (e498+4), comprometido com a fisioterapia e realização de atividades físicas para perder peso. Além disso, recebe benefício do INSS (e5700+4) e têm acesso aos serviços de saúde locais (e5800+4) e dos atendimentos de acadêmicos da UNISINOS (e450+4). Assinaram o laudo acadêmico e professor supervisor responsável. A CIF possibilitou incorporação do contexto na realidade do indivíduo ao qual se está intervindo. Considerações: O raciocínio clínico da CIF permitiu estabelecer as melhores condutas fisioterapêuticas de intervenção com base na funcionalidade e ainda elaborar um documento final para que o usuário pudesse dar continuidade ao cuidado em saúde, além de atuar como uma ferramenta de linguagem comum entre os profissionais de saúde e que considera os determinantes sociais em saúde.