RECONHECENDO-SE COMO SUJEITO DE RISCOS: A CONSCIÊNCIA DOS POSSÍVEIS DANOS DA TUBERCULOSE

Autores/as

  • Maíra Rossetto Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Dora Lúcia Leidens Correa de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palabras clave:

Risco. Tuberculose. Adesão ao tratamento medicamentoso. Promoção da Saúde. Enfermagem.

Resumen

Esta pesquisa objetivou analisar a partir da percepção dos usuários aderentes ao tratamento da tuberculose, os sentidos atribuídos aos riscos da doença. O estudo foi realizado com base nas teorias sociológicas sobre ‘risco’, em especial, as que enfatizam o caráter sócio cultural do risco. O estudo com abordagem qualitativa foi desenvolvido a partir da Teoria Fundamentadaem Dados. Acoleta dos dados se deu por meio de entrevista semiestruturada, tendo como sujeitos 19 usuários aderentes ao tratamento para tuberculose. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFRGS. Os resultados foram organizados em três categorias e deram origem ao fenômeno central da teoria “Reconhecendo-se como sujeito de riscos: a consciência dos possíveis danos da tuberculose”. Para os participantes da pesquisa, “risco” tem uma conotação negativa, estando associado à possibilidade de perigo ou de dano potencial. O processo de atribuição de sentidos foi influenciado por elementos do contexto social e cultural em que esses indivíduos vivem. A inclusão dos danos potenciais da tuberculose ao portfólio pessoal de riscos não inaugurou uma nova identidade de sujeito, pois mesmo antes da comunicação do diagnóstico, os usuários já realizavam cálculos probabilísticos e ações de gerenciamento desses danos. Para além dos discursos da saúde, a tuberculose acrescentou um sentido específico para os riscos da doença, os riscos relacionais. Os riscos relacionais foram definidos como a possibilidade de danos que a tuberculose representa às interações do indivíduo doente com a sociedade, com interferência nas dimensões públicas e privadas da vida cotidiana. Na esfera pública, os participantes referiram à mudança na imagem corporal e as alterações dos papéis de gênero reconhecidos socialmente. Na esfera privada, foi enfatizada a interferência nas relações com os familiares no que diz respeito ao vínculo familiar e à saúde de outros membros da família. A onipresença do risco no cotidiano das sociedades contemporâneas resulta na constante necessidade de avaliar o presente e seus riscos e de, a partir de escolhas entre quais riscos são e não são aceitáveis, definir o caminho a seguir. Esse processo reflexivo realizado cotidianamente é produtor de identidades para o “eu”, levando, os participantes a buscaram uma identidade de sujeito preocupado com o seu cuidado e com o cuidado do outro, preservando suas relações pessoais e o convívio na sociedade.

Publicado

2015-07-14