PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS À NEUROPATIA E À VASCULOPATIA DOS PÉS DE INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS ATENDIDOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Resumo
Introdução: O Diabetes Mellitus (DM) é grande problema de saúde pública e está associado a fatores como sedentarismo, excesso de peso, maus hábitos de vida e alimentares e que pode levar a várias complicações, entre as quais, o Pé Diabético, que é responsável por grande número de amputações não traumáticas. Por essa razão, o Ministério da Saúde (MS) recomenda que, ao atender diabéticos nas unidades de saúde a equipe realize avaliações periódicas dos pés desses indivíduos para identificar precocemente sinais/sintomas neurológicos e vasculares associados ao Pé Diabético. Como parte integrante da equipe de saúde, o fisioterapeuta pode realizar essa avaliação, visto que possui conhecimento metodológico para identificar alterações associadas à neuropatia e à vasculopatia e assim, contribuir para a detecção precoce dessa complicação. Objetivo: Identificar alterações neurológicas e vasculares nos pés de indivíduos com DM atendidos em uma Estratégia de Saúde da Família. Metodologia: Estudo de natureza descritiva transversal com indivíduos diabéticos atendidos em uma Estratégia de Saúde da Família de Presidente Prudente-SP. Para a identificação de indícios de neuropatia e vasculopatia nos pés foi elaborada Ficha de Avaliação baseada no Manual do Pé Diabético do MS contendo informações sobre dados pessoais, histórias tabágica e de úlcera prévia, dados: clínicos [dor/desconforto do tipo queimação e formigamento (relacionada à neuropatia) e sensação de câimbra (relacionada à vasculopatia)]; da avaliação das sensibilidades: superficial por meio de estesiômetro de 10 gramas e profunda pelo diapasão de 128 Hz e da avaliação da circulação periférica por meio da palpação dos pulsos pedioso e tibial posterior. Resultado: Avaliados 35 indivíduos: 27 (77,1% do total) do sexo feminino e oito (22,8%) do masculino; idade de 69,1 ± 8,2 anos; 30 (85,7%) nunca fumaram e cinco (14,2%) fumantes; 34 (97,1%) sem histórico de úlcera prévia e um (2,8%) com histórico; 21 (60,0%) com relato de dor/desconforto e 14 (40,0%) sem relato; 24 (68,5%) com sensação de câimbras e 11 (31,4%) não. Na sensibilidade superficial, 23 (65,7%) sem alteração de sensibilidade e 12 (34,2%) com alteração; na avaliação da sensibilidade profunda 23 (65,7%) com alteração e 12 (34,2%) sem alteração. Na avaliação circulatória 18 (51,4%) apresentaram pulso normal e 17 (49,6%) diminuição e/ou ausência de pulso. Conclusão: A avaliação indicou baixa prevalência de fatores de risco do Pé Diabético como tabagismo e história de úlcera prévia na população estudada. Quanto aos indícios de neuropatia observou-se alta prevalência de dor/desconforto e de alteração na sensibilidade profunda indicando perda da sensibilidade protetora dos pés que pode levar a ferimentos que podem evoluir para feridas mais profundas e amputação. Em relação à vasculopatia observou-se alta prevalência da sensação de câimbra e diminuição/ausência de pulso indicando alteração vascular e má circulação periférica. Os resultados indicam que a avaliação dos pés de indivíduos com DM é fundamental para detecção precoce de sinais/sintomas relacionados ao Pé Diabético e a elaboração de uma metodologia de avaliação pode contribuir na conduta voltada para encaminhamento especializado e/ou nas orientações para o auto-cuidado com os pés, que são consideradas pelo MS estratégias-chave na prevenção do Pé Diabético.Publicado
26-09-2019
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Trabalhos de Pesquisa - Eixo I Atenção Integral à Saúde
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