CAMINHOS DA FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA: O CENÁRIO DA 3ª COORDENADORIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autores

  • Cristina Dutra Ribeiro Universidade Federal do Rio Grande
  • Maria Cristina Flores Soares Programa de Pós-Graduação em ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande

Palavras-chave:

Fisioterapia, Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família

Resumo

Objetivou-se identificar os caminhos da Fisioterapia e dos fisioterapeutas em direção a atenção integral em saúde, por meio de sua inserção na Atenção Básica (AB) na área de abrangência da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, composta por vinte e dois municípios. Estudo quali-quantitativo com delineamento transversal, do qual participaram 21 secretários municipais de saúde, 43 fisioterapeutas e 649 trabalhadores da AB (médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos e auxiliares de enfermagem, auxiliar de saúde bucal e agentes comunitários de saúde) atuantes na AB. Identificou-se que a inserção da Fisioterapia na AB na área do estudo se caracteriza por um número insuficiente de profissionais, limitada inserção em equipes ESF/NASF, e predominância de vínculos empregatícios frágeis na AB com baixa remuneração. Existe uma compreensão limitada por parte dos gestores em saúde sobre o papel do fisioterapeuta, sobretudo pelos que não tem este profissional inserido em suas equipes de SF. A razão de fisioterapeutas na atenção pública de Fisioterapia na região do estudo foi de 0,20x1000 habitantes e esta cai para 0,06x1000 habitantes, quando são considerados somente aqueles que atuam na AB. A maioria dos secretários de saúde identificam o Fisioterapeuta como sendo um profissional apenas da reabilitação, e alguns afirmam tratar-se de um profissional com formação de nível técnico. Nos municípios em que o profissional está inserido na ESF/NASF foi identificado como um importante integrante para complementação da equipe.  A falta de recursos financeiros para contratação foi o fator mais referenciado pelos gestores como dificuldade para inserção na ESF. Dos fisioterapeutas participantes do estudo somente 6,9% estavam inseridos na ESF/NASF, 60,4% eram prestadores de serviço terceirizados, e 44,2% recebiam no máximo três salários mínimos em sua vinculação com o setor público. Os fisioterapeutas que atuam na AB sem vinculação à ESF/NASF referiram maior envolvimento com atividades de reabilitação como assistência a pessoas com dificuldade para caminhar (92,5%), com doenças osteomusculares (90,0%) e deficientes físicos (87,5%). O papel do fisioterapeuta como promotor de saúde foi identificado principalmente entre aqueles vinculados à ESF/NASF. As ações de promoção da saúde mais realizadas pelos entrevistados foi a prevenção de processos que levam a incapacidade funcional laborativa (62,8%). A maioria dos demais trabalhadores das equipes de saúde (90,3%) reconhece que a Fisioterapia pode atuar em todos os níveis de atenção à saúde. Estes identificaram, em seus locais de trabalho, situações e/ou agravos à saúde com potencialidade para a atuação da Fisioterapia, sendo as mais referidas os grupos de hipertensos (96,2%) e de diabéticos (95,4%). Em todas as práticas de saúde investigadas mais de 90% dos participantes responderam que a presença do fisioterapeuta na equipe poderia contribuir para a atenção integral à saúde da população. Os resultados deste estudo mostram o quanto é preciso avançar para que a contribuição da Fisioterapia e das práticas dos fisioterapeutas tornem-se efetivas para a integralidade da atenção à saúde da população no âmbito da 3ª CRS/RS. Embora se perceba alguns pontos positivos, muito ainda necessita ser realizado, no que se refere ao reconhecimento por parte dos diferentes atores do setor saúde, sobre as potencialidades do “fazer” do fisioterapeuta em suas equipes, observando-se a necessidade de ampliação, do conhecimento por parte dos gestores em saúde, sobre o papel deste profissional, assim como dos recursos financeiros para o setor saúde.  Ao mesmo tempo os dados do estudo mostram que, a política pública de saúde vigente, que assegura a inserção do fisioterapeuta na ESF por meio do NASF, não parece ser suficiente para garantir atenção à saúde na área da Fisioterapia, nos três níveis de atenção, e sobretudo na AB, para a população da na região do estudo. 

Biografia do Autor

Cristina Dutra Ribeiro, Universidade Federal do Rio Grande

Possuo graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria/RS, Especialização em Saúde Pública pela Universidade Católica de Pelotas/RS, Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Gande/RS,com ênfase em Promoção da Saúde.Atualmente atuo como Apoio Pedagógico e orientadora da Especialização em Saúde da Família (Ead) da Universidade Federal de Pelotas/RS-Rede Unasus

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Publicado

25-08-2015