GRUPO DE CAMINHADA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE

Autores

  • Jéssica Santos Rocha UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Bruna Carolina de Araujo UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Ana Carolina Basso Schmitt UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Raquel Aparecida Casarotto UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Resumo

INTRODUÇÃO: Promoção da saúde é o processo que permite as pessoas o maior controle sobre sua saúde e seus determinantes, mobilizando-se (individual e coletivamente) para melhorar a saúde e a qualidade de vida (Ottawa, 1986). A educação em saúde é fundamental nesse processo para estimular o emponderamento da população, a participação social e a liderança (Dempsey et al., 2011) e possibilitar que os atores sociais encontrem estratégias para o enfrentamento dos problemas coletivos. O trabalho em grupo permite que os participantes compartilhem experiências, troquem informações e opinem sobre diferentes questões, desta forma, possibilita o incentivo à (co)responsabilidade de autocuidado e autonomia (Souza et al., 2005). DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Iniciado em 2012, o Grupo de Caminhada em nossa unidade de saúde foi criado como estratégia de continuidade do cuidado para usuários que receberam alta dos atendimentos de Fisioterapia. Estes eram em sua maioria idosos com dor crônica de caráter musculoesquelético e pouca responsividade ao tratamento médico e/ou fisioterápico. Semanalmente, com a organização dos residentes de fisioterapia, eram realizados dois encontros de uma hora de duração no parque próximo à unidade. Inicialmente, o grupo contava com participação somente de pessoas referenciadas pelos residentes ou tutor e utilizava a estratégia de caminhar para controle e redução de peso e possível diminuição de queixas de dor. Notava-se baixa adesão dos participantes, pouca apropriação do conteúdo e solicitação de retorno ao atendimento fisioterapêutico, além de pouca motivação tanto para os usuários quanto para os residentes à participação no grupo. Em 2014, frente à reflexão sobre tais fatos, a atividade foi reestruturada e o foco principal tornou-se a promoção de saúde. Aproveitando o ambiente natural do parque e propício para o bem-estar, houve a mudança de formato do grupo para que este fosse aberto a quem desejassem participar. Outras ações e atividades concomitantes a caminhada foram planejadas a partir das demandas dos usuários em relação ao autocuidado. Dessa forma, dinâmicas e conversas de assuntos significativos ao grupo são realizadas com colaboração de residentes de outras categorias profissionais, entre elas: cuidados com alimentação e automedicação para a caminhada e além dela e estímulo para ampliação da rede de suporte social entre os participantes. Com a interação cada vez maior, também há monitoramento coletivo e personificado do estado de saúde por todos os atores do grupo. IMPACTOS: Os participantes (não mais tratados como “pacientes”) passaram a apropriar-se do grupo, com maior adesão e aderência. O grupo vem crescendo por conta dos convites e recomendações feitos pelos próprios usuários à participação de familiares e vizinhos e pelos profissionais à população adscrita da unidade. Percebe-se também que há maior diversidade de faixa etária (adultos jovens à idosos), ampliação de atividades recreativas e de lazer entre eles até mesmo em outros espaços e momentos, diminuição de relatos de queixas de dor musculoesqueléticas e aumento da rede de suporte social, principalmente dos idosos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A construção coletiva a partir das expectativas e mobilização dos usuários e facilitação dos profissionais vem mostrando-se como uma forma estratégica de ferramenta para promoção de saúde.