EDITORIAL

Resumo

Ao ser convidado para escrever este editorial meu ser se inundou com um misto de alegria e de ansiedade. De alegria em ver como a ABENFISIO tem se desenvolvido nestes anos de luta por uma formação de qualidade em Fisioterapia, com o olhar sempre voltado para um conceito ampliado em saúde, sendo, a criação do Caderno de Educação, Saúde e Fisioterapia, um importante marco desta associação. De ansiedade, pois pesa a responsabilidade de abrir mais uma edição desta importante revista, que trata de assuntos atuais, porém complexos, relacionados à formação em saúde como um todo, à atenção à saúde e especificamente em relação à atividade profissional do Fisioterapeuta.A ABENFISIO, como outras associações de ensino das profissões da saúde, já tem uma história produtiva na discussão da formação e da atuação de profissionais da saúde, especialmente da Fisioterapia. Porém, ainda temos muito a galgar nestes temas, buscando sempre aprender com as experiências exitosas e sempre prontos a nos adaptarmos às novas realidades que nos são colocadas, tanto pelas políticas públicas como pelas demandas sociais, profissionais e acadêmicas. Assim, o Caderno de Educação, Saúde e Fisioterapia surge como um espaço onde o debate destes temas possa acontecer de forma mais ampla e permanente, favorecendo a criação e a difusão do saber em saúde, bem como a troca de experiências entre profissionais, que vão muito além daquelas que acontecem apenas dentro da Fisioterapia. Nesta edição são apresentados um ensaio, quatro artigos e dois resumos, um referente a uma tese de doutorado e outro de dissertação de mestrado. Eles abordam áreas diferentes do saber, que tentei agrupar nas três áreas que caracterizam o nome desta revista: formação em saúde, atenção à saúde e Fisioterapia.Em formação em saúde, os professores Dernival Bertoncello e Hedionéia Maria Foletto Pivetta trazem algumas reflexões sobre como e quanto as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o curso de Fisioterapia alcançaram seus pressupostos, após 14 anos de sua implementação. As  reflexões apresentadas com certeza contribuirão para a construção, quem sabe em breve, das novas diretrizes nacionais para a formação em Fisioterapia. Os autores sugerem que “conceitos necessitam ser melhor definidos, bem como orientações mais específicas sobre as DCNs para uma boa formação em atendimento às atuais políticas de saúde e educação”.Por outro lado, Odete Messa Torres e Altamira Pereira da Silva Reichert contam suas experiências na construção do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Pampa, sob a forma de estudo cartográfico. Em seu artigo elas destacam os desafios enfrentados pelo curso, em suas duas matrizes curriculares, para romper com o Modelo Flexneriano de Ensino e na busca de pautar a construção daquele curso nas DCNs dos cursos da área da saúde, garantindo uma formação mais próxima às realidades sociais, baseadas nas diretrizes do SUS. As autoras consideram que “os desafios são muitos, porém as potencialidades infinitas”.Uma experiência exitosa de como a participação de acadêmicos em projetos de extensão universitária são fundamentais na formação de profissionais da saúde é apresentada no artigo de Maria Cristina Flores Soares e Cristina Dutra Ribeiro. Em seu artigo elas mostram que a participação em projetos de extensão pode “expandir” a percepção dos acadêmicos quanto às potencialidades da profissão e “habilitar” o profissional a uma atenção integral à saúde da população.Saindo um pouco da “formação de” para a “formação para” profissionais de saúde, Cristiane Alves Montenegro, Maria Luiza Ferreira De Barba e Lisiane Bôer Possa fazem uma revisão da literatura sobre as políticas públicas da saúde para profissionais do SUS, especificamente em relação à atenção aos moradores de rua, buscando “aproximar a formação dos profissionais de saúde das necessidades e cultura desta população”. Seguindo nesta mesma linha de “formação para”, Francéli Franki dos Santos, em seu resumo de dissertação, destaca o papel de tutores no Projeto Caminhos do Cuidado – Formação em crack, álcool e outras drogas, na mudança das práticas do cuidado, realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde e Técnicos de Enfermagem, aos usuários de álcool e outras drogas.Partindo para a área de atenção à saúde propriamente dita, a professora Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho e suas orientandas relatam uma experiência de como práticas educação em saúde, por meio de rodas de conversa, oficinas pedagógicas e cinesioterapia, podem juntas proteger, promover e reabilitar a saúde, principalmente postural, de trabalhadores rurais na atividade leiteira, no Rio grande do Sul.Finalmente, enfocando a área específica de Fisioterapia, o artigo de Patrícia Caroline Tada e Alberto Sumiya trata da importância que o entendimento da própria corporalidade tem sobre a atuação profissional do fisioterapeuta ao trabalhar com o corpo do “outro”. Já em seu resumo de tese de doutorado, o professor Fuad Ahmad Hazime,  apresenta que a estimulação transcraniana associada à estimulação elétrica periférica, ou esta última isoladamente, podem contribuir para o alívio da dor lombar crônica inespecífica. Estes importantes achados contribuem para que a Fisioterapia, cada dia mais, tenha suas práticas baseadas em evidências científicas.Assim, espero que ao final da leitura deste editorial você esteja motivado a ler e aprender com cada um dos artigos publicados nesta edição, todavia meu maior desejo é que a leitura deles possa promover mudanças no pensar e no agir em saúde, em cada um de nós.Um grande abraço e boa leitura!!!