ELABORAÇÃO E PROPOSIÇÃO DE UMA FERRAMENTA DE ELEGIBILIDADE E ENCAMINHAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA A ESPECIALIZADA EM UM SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE FISIOTERAPIA

Abstract

INTRODUÇÃO: A Fisioterapia está inserida dentro da Rede de Atenção à Saúde em todos os seus níveis, sendo sua inserção na Atenção Básica (AB) mais recente, ampliando o acesso da população ao serviço e sendo capaz de resolver grande parte da demanda. Em busca da organização do serviço na Rede, ferramentas para encaminhamentos entre os níveis de atenção são necessários, para a determinação de quem deve ter acesso a níveis destinados a resolução de problemas de maior complexidade, como o serviço especializado, e o que pode ser resolvido na AB. O uso de abordagem biopsicossocial em tais ferramentas busca a valorização da funcionalidade na prática fisioterapêutica e a ampliação da visão do profissional enquanto participante da rotina das Unidades Básicas de Saúde (UBS). OBJETIVO: Propor uma ferramenta para garantir real equidade do acesso ao serviço especializado de Fisioterapia e sua possível implementação em um serviço municipal. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento nas 15 UBS do município no sul de Minas Gerais dos encaminhamentos para a clínica especializada de referência. Foi elaborado uma ferramenta para verificação da necessidade de encaminhamento para ser aplicada pelos fisioterapeutas na atenção básica, durante o acolhimento dos indivíduos que buscam o serviço, encaminhados por outros profissionais. Ao final da aplicação, haverá uma pontuação atribuída. A aplicação foi acompanhada em todas as unidades por 3 meses, através da contagem dos protocolos aplicados e direcionamento dos usuários para a atenção básica ou especializada. Foi realizada análise descritiva dos dados coletados dos encaminhamentos por 3 meses. RESULTADO: Em março de 2016 haviam 641 encaminhamentos em espera nas UBS, um número muito além da capacidade do setor secundário local. O protocolo proposto apresenta as seguintes seções: diagnóstico clínico, sintomatologia e dor, incapacidade, condição de trabalho, aspectos cognitivos e necessidade de cuidador. Usuários que somam mais de 9 pontos, são encaminhados para a clínica especializada. Nos 3 primeiros meses de aplicação foram realizadas 586 triagens em todas as unidades, sendo que 278 foram encaminhando para o serviço especializado e 308 mantidos na atenção básica para o atendimento. A triagem pela ferramenta ocorreu em 27,4% dos acolhimentos de novos casos em março, e em 40,6% em abril e maio. Apenas 378 encaminhamentos dos iniciais continuam na fila de espera, sem triagem. CONCLUSÃO: A nova proposta de abordagem pelo fisioterapeuta na Atenção Básica foi implementada em todas as UBS e foi capaz de aumentar a resolutividade deste nível de atenção, absorvendo mais de 50% da demanda, evitando encaminhamentos desnecessários para a clínica especializada. A adesão à ferramenta está aumentando com o tempo, indicando que os profissionais estão usando a ferramenta no acolhimento dos novos casos, e também no resgate dos casos antigos.