Mães Órfãs: o direito à maternidade e a judicialização das vidas em situação de vulnerabilidade

Autores

  • Cristiana Marina Barros de Souza UFMG
  • Mônica Garcia Pontes UFMG
  • Alzira de Oliveira Jorge UFMG.
  • Ricardo Narcizo Moebus UFOP
  • Daniel Emílio da Silva Almeida

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp27-36

Palavras-chave:

Violência contra a mulher, judicialização da saúde, vulnerabilidade social.

Resumo

Objetivos: Caracterizar a problemática vivenciada em Belo Horizonte (BH) sobre a separação compulsória de mães e filhos em famílias vulneráveis. Métodos: Foram utilizados para a análise: fontes documentais por meio das normas/diretrizes vigentes, relatos e reflexões obtidas em seminários realizados sobre o tema na cidade e entrevistas com trabalhadores da saúde, agentes do estado e judiciário, movimentos sociais e com mães que foram separadas de seus filhos de forma compulsória.  Resultados: Recomendações e Portaria do judiciário em BH têm orientado o processo de expropriação dos bebês. Tais normativas desconsideram as singularidades existentes nas vidas das mães e, neste cenário, os profissionais de saúde são capturados em sua autonomia. Nos relatos de mães e trabalhadores, a violência cotidiana, ditada pelo poder do Estado, aparece marcada por julgamentos morais, massacre de desejos maternais, tentativa de controle total do corpo do outro. Movimentos de diversos setores da sociedade têm se organizado na defesa dos direitos à maternagem e à convivência familiar. Em BH, são explícitos os posicionamentos e disputas com importantes desdobramentos para a vida de mulheres marcadas pelo poder do Estado. Considerações Finais: Na atualidade, vivemos momentos de acirramentos importantes entre instituições, coletivos e apostas ético-políticas no que diz respeito ao governo da vida de si e dos outros, considerando o arranjo societário no qual estamos imersos. A judicialização de vidas vulneráveis e a insuficiente porosidade das mobilizações em defesa do direito à maternidade em nossa sociedade têm mostrado arranjos sociais que interferem na construção de novas possibilidades de cuidado em saúde.

Biografia do Autor

Cristiana Marina Barros de Souza, UFMG

Mestranda da UFMG e Trabalhadora da saúdede BH.

Mônica Garcia Pontes, UFMG

Mestranda da UFMG e Diretora de escola emContagem.

Alzira de Oliveira Jorge, UFMG.

Doutora em Saúde Cole

Ricardo Narcizo Moebus, UFOP

Doutor em Ciências da Saúde e Professor daUFOP.

Daniel Emílio da Silva Almeida

Mestre em Saúde Pública e Trabalhador dasaúde de BH.

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Publicado

2018-06-20

Como Citar

Barros de Souza, C. M., Pontes, M. G., Jorge, A. de O., Moebus, R. N., & da Silva Almeida, D. E. (2018). Mães Órfãs: o direito à maternidade e a judicialização das vidas em situação de vulnerabilidade. aúde m edes, 4(1 Suplem), 27–36. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp27-36