Cargos de Gestão em Saúde: a (in)visibilidade de Gênero, Raça e Profissão
DOI:
https://doi.org/10.18310/2446-4813.2020v6n2p137-151Palavras-chave:
Gestão em Saúde, Identidade de Gênero, Raça, Ocupações em SaúdeResumo
Objetivo: Este estudo objetiva conhecer as características dos profissionais que ocuparam os cargos de diretoria de um hospital de grande porte localizado na região sul do país e vinculado ao Ministério da Saúde entre 1975 até 2015, além de analisar as políticas de equidade e inclusão em cargos de gestão nas instituições de saúde. Método: Foram analisadas as variáveis de gênero, raça e profissão a partir da abordagem quantitativa e qualitativa dos profissionais que ocuparam cargos de gestão na Diretoria, realizada em três etapas: 1) coleta de informações sobre o perfil dos Diretores; 2) realização da entrevista com membro da secretaria executiva da diretoria; 3) realização de entrevistas com dois membros das comissões de igualdade. Resultados: Foram analisadas as características de 47 diretores no período de 1975 a 2015, sendo 96% homens e apenas 4% mulheres. Nenhum deles era negro. Em relação à profissão, a maioria era médico (70,2%), seguido de advogados (12,7%). Deste total, 53,2% profissionais não eram funcionários do hospital. Conclusão: Por fim, identificou-se que não há políticas institucionais que garantam equidade no acesso aos cargos de tomada de decisão, no que diz respeito à raça, gênero e profissão. Além disso, o combate às desigualdades de gênero e raça está fortemente direcionado ao cuidado com o usuário, não priorizando o olhar para o percurso dos trabalhadores na instituição. Entende-se que discutir equidade de raça e gênero na sociedade está no centro dos atuais debates emergentes mundiais.Referências
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