Emigração médica em Portugal: causas e efeitos para o Serviço Nacional de Saúde
DOI:
https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n4p49-60Palavras-chave:
Médicos, Educação Médica, Satisfação no Emprego, Emigração.Resumo
Objetivos: identificar as causas que desencadearam a emigração e os fatores que podem afetar a decisão para retornar ao país de formação. Métodos: estudo exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa, realizado com recurso a entrevista semiestruturada gravada aplicada a 50 jovens médicos que manifestaram intenção de emigra. A coleta de dados ocorreu entre setembro e dezembro de 2016, sendo utilizada para a análise a técnica da análise de conteúdo. Resultados: verificou-se que, para 88% dos entrevistados, a ideia de emigrar é motivada por desmotivação generalizada com o estado da profissão em Portugal, causada por fatores relacionados com a proprio processo de formação (90%), pela falta de estabilidade e perspectivas de futuro (100%), por fatores relacionados com a remuneração (100%) e pelas condições de trabalho precárias oferecidas no Serviço Nacional de Saúde (60%). Apenas 20% dos entrevistados admite retornar, um dia mais tarde, ao país que o formou. Conclusões: Os médicos internos com intenção de emigrar sentem uma forte desmotivação que já levou para fora do país mais de 800 jovens médicos em pleno período de crise econômica (entre 2013 e 2015). O presente estudo coloca um problema existente não apenas em Portugal como em outros países e reflete a necessidade de promover medidas urgentes para reverter essa tendência. Um dos efeitos mais graves é o risco de faltarem médicos em algumas áreas, comprometendo o acesso e a cobertura universal do Serviço Nacional de Saúde.Referências
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