Consumo de antibióticos em regime ambulatório: panorama português 2015-2018

Autores

  • Alexandre Morais Nunes Centro de Administração e Políticas Públicas, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, Rua Almerindo Lessa, 1300-663, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-6808-7769
  • Andreia Afonso de Matos Centro de Administração e Políticas Públicas, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, Rua Almerindo Lessa, 1300-663, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-8774-121X

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2022v8n3p329-345

Palavras-chave:

Medicamento, antibiótico, resistência aos antibióticos, saúde

Resumo

A resistência a antibióticos torna-se cada vez mais um problema preocupante em matéria de saúde pública. O elevado consumo de antibióticos para fins terapêuticos e profiláticos, nomeadamente quando usados inadequadamente, é um dos fatores que mais promove a resistência a agentes antimicrobianos. O presente trabalho tem por objetivo analisar a evolução do consumo de antibióticos em Portugal continental estimado a partir da prescrição médica e é expresso em DDD, forma agrupada por região, com destaque para alguns distritos, entre 2015 e 2018. Trata-se de um estudo observacional e descritivo que tem por base dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (Infarmed). Como principais resultados se verificou que  o consumo total de antibióticos no período 2015-2018 variou entre 71.613.882,21 DDD e 73.143.461,37 DDD, o que representa um crescimento de a 2,1%, crescendo assim o uso de beta-lactâmicos (J01C), sulfonamidas (J01E), macrólidos (J01F), aminoglicosídeos (J01G) e outras antibactérias (J01X). Destaca-se ainda uma grande redução do uso de  quinolonas (J01M) com -18% e uma redução mais discreta das tetraciclinas (J01A) em 3,1%. Como principais conclusões verificou-se um aumento do uso de antibióticos no ambulatório em Portugal com um pico de consumo que alcançou 75.660.771,43 DDD em 2017. No ano seguinte registou-se uma redução do consumo em 3,3%, dando sinais de uma trajetória descendente. Contudo, o valor em 2018 apesar da redução é ainda elevado, sendo por isso necessário reforçar a promoção do uso racional dos antibióticos junto dos utentes e de cada médico prescritor.

Biografia do Autor

Alexandre Morais Nunes, Centro de Administração e Políticas Públicas, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, Rua Almerindo Lessa, 1300-663, Lisboa, Portugal

Doutor em Administração da Saúde (Universidade de Lisboa | ISCSP).Ex assessor do Ministro da Saúde de PortugalProfessor na Universidade de Lisboa - ISCSP

Andreia Afonso de Matos, Centro de Administração e Políticas Públicas, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, Rua Almerindo Lessa, 1300-663, Lisboa, Portugal

Doutora em Administração da Saúde (Universidade de Lisboa | ISCSP).

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Publicado

2022-12-29

Como Citar

Nunes, A. M., & de Matos, A. A. (2022). Consumo de antibióticos em regime ambulatório: panorama português 2015-2018. aúde m edes, 8(3), 329–345. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2022v8n3p329-345

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